domingo, 7 de dezembro de 2008

Contar mentira... intenção de enganar ou sintoma de patologia? texto 2



Mentira como Sintoma de Patologias:
Síndrome de Münchhausen

O hábito arraigado de mentir fantasticamente pode refletir um Transtorno da Personalidade que alguns autores chamam de “pseudologia fantástica”, que seria caracterizado por uma compulsão a fantasiar uma vida fictícia para causar grande mobilização e perplexidade em outras pessoas (Catalán, 2006), outros autores denominam de Síndrome de Münchhausen.
Nesta síndrome a pessoa não suporta a idéia dela ser comum, normal, trivial, igual aos outros... Não. Ela tem que ser super especial, tem que ter peculiaridades completamente excepcionais e fantásticas. Essa inclinação impulsiva para a mentira reflete uma grande vontade em ser admirado, de ser digno de amor e consideração pelos demais, conseqüentemente reflete uma grande insatisfação com a real e medíocre condição existencial.
A Síndrome de Münchhausen é relativamente rara, de difícil diagnóstico, e caracterizada pela fabricação intencional ou simulação de sintomas e sinais físicos ou psicológicos sempre de natureza fantástica em um filho ou em si próprio, levando a procedimentos diagnósticos desnecessários e potencialmente danosos. Há sempre uma fraude intencional nessa síndrome.
Em 1951, Asher idealizou o termo Síndrome de Münchhausen para descrever os pacientes que produziam e apresentavam intencionalmente sintomas físicos para receber tratamento médico e hospitalar freqüente. Uma das características associadas mais freqüente era a mentira patológica, juntamente com uma vasta história de atendimentos médicos e internações hospitalares.
Depressão Grave

Alguns casos de depressão grave também podem ser acompanhados de mentiras patológicas. Nessa situação a pessoa se coloca em um verdadeiro emaranhado de estórias, desculpas e relatos que vão cada vez complicando mais a sustentação da mentira.
As mentiras iniciais na depressão têm, normalmente, o propósito de ocultar algum acontecimento que deixaria outra pessoa triste, aborrecida, decepcionada. Daí em diante, há contínua necessidade de novas mentiras para completar a primeira. Percebe-se que, consoante a preocupação do deprimido com o sentimento do outro, ele mente para poupar maiores sofrimentos desse outro, mas o resultado é sempre desastroso.
Na depressão as mentiras, ao contrário da sociopatia, são acompanhadas de importante sentimento de culpa e arrependimento.
Transtornos do Controle dos Impulsos

No Jogo Patológico, na Cleptomania, na Bulimia, na Dependência Química e outros Transtornos do Controle dos Impulsos existem muitas mentiras, cujo objetivo é ocultar um comportamento sabidamente reprovado socialmente.
Personalidade Anti-Social

O quadro mais grave onde a mentira aparece como sintoma importante é o Transtorno Anti-Social da Personalidade, ou Personalidade Psicopática. Embora qualquer pessoa possa mentir, temos de distinguir a mentira banal da mentira psicopática. O psicopata utiliza a mentira como uma ferramenta de trabalho. Normalmente está tão treinado e habilitado a mentir que é difícil captar quando mente. Ele mente olhando nos olhos e com atitude completamente neutra e relaxada.
O psicopata não mente circunstancialmente ou esporadicamente para conseguir safar-se de alguma situação. Ele sabe que está mentindo, não se importa, não tem vergonha ou arrependimento, muitas vezes mente sem nenhuma justificativa ou motivo.
Normalmente o psicopata diz o que convém e o que se espera para aquela circunstância. Ele pode mentir com a palavra ou com o corpo, quando simula e teatraliza situações vantajosas para ele, podendo fazer-se arrependido, ofendido, magoado, simulando tentativas de suicídio, etc. Essa mentira não tem culpa.
A personalidade do psicopata é narcisística, quer ser admirado, quer ser o mais rico, mais bonito, melhor vestido. Assim, ele tenta adaptar a realidade à sua imaginação, à seu personagem do momento, de acordo com a circunstância e com sua personalidade é narcisística. Esse indivíduo pode converter-se no personagem que sua imaginação cria como adequada para atuar no meio com sucesso, propondo a todos a sensação de que estão, de fato, em frente a um personagem verdadeiro.

7 comentários:

luis lourenço disse...

excelente lição na área da sua especialidade...no plano da intuição-o que está ao meu alcance-não poderia estar mais de acordo..,
amei o seu comentário no meu blogue...você tem de ser uma mulher muito inteligente, culta e sensível...admiro isso em vc/

abraços pra vc/.

Véu de Maya.

SCHEIILA OAK disse...

Rosa, adorei o comentário do Véu de Maya.Ele deve ser um homem tb muito inteligente, culto e sensível, coisa rara hoje em dia nos homens....Qualquer mulher admira muito a sensibilidade masculina. Uma assunto que vc poderia abordadr tb no seu blog... Parabéns não só pelo seu blog , mas , por ter arranjado fãs como o Véu de Maya. Bjs..........Scheilla Oak

Unknown disse...

Olá!!Estava pesquisando sobre mentiras patológicas e acabei encontrando no seu blog, como sou estudante de Psicologia - Unip/Manaus, estarei sempre que puder acessando o seu site.
Abraços e tudo de bom pra vc!!
Bárbara Kelly

Unknown disse...

Olá!!Estava pesquisando sobre mentiras patológicas e acabei encontrando no seu blog, como sou estudante de Psicologia - Unip/Manaus, estarei sempre que puder acessando o seu site.
Abraços e tudo de bom pra vc!!
Bárbara Kelly

100% Loira disse...

Gostei muito da matéria...mas poderia postar também as formas de ajudar uma pessoa com este transtorno!
Isso tem cura? Como ajudar ?

Unknown disse...

muito esclarecedor....pois viver uma vida k não é nossa tem os seus custos....
sofro deste problema mas nao sei como lidar com o mesmo...acredito que por vergonha..
mas ajudou me imenso.
obrigada

Simone disse...

Gostei muito da matéria sobre a mentira patológica. Estou com um novo paciente que possui este transtorno e estou procurando também na net informações. Aproveito para te convidar a conhecer meu "site", estou aprendendo a lidar com ele. //sites.google.com/site/psimoneocunha Abtraços Simone