terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Atividade sexual na idade avançada:



A crença de que o avançar da idade e o declinar da atividade sexual estejam inexoravelmente ligados, tem sido responsável para que não se prestasse atenção suficiente a uma das atividades mais fortemente associadas à qualidade de vida, como é a sexualidade.
Dificilmente a entrevista médica, do clínico geral ao reumatologista e geriatra, tem valorizado as queixas sexuais do paciente idoso. Dá-nos a nítida impressão que os colegas médicos evitam esse assunto por medo de não saberem lidar com ele, por medo de não saberem o que fazer com as respostas que o paciente pode dar. Assim sendo, se a sociedade evita o assunto, se os médicos evitam o assunto e se os próprios pacientes têm constrangimento dele, o panorama sexual da terceira idade ficará inexoravelmente abandonado ao conformismo e apatia cultural.
"A sexualidade na velhice é um tema comumente negligenciado pela medicina, pouco conhecido e menos entendido pela sociedade, pelos próprios idosos e pelos profissionais da saúde" (Steinke, 1997).

A atividade sexual humana depende das características físicas, psicológicas e biográficas do indivíduo, da existência de uma companheira e de suas características, depende também do contexto sócio-cultural onde se insere o idoso.
Em linhas gerais, a relação sexual tem sido considerada uma atividade própria, e quase monopólio, das pessoas jovens, das pessoas com boa saúde e fisicamente atraentes.

A idéia de que as pessoas de idade avançada também possam manter relações sexuais não é culturalmente muito aceita, preferindo-se ignorar e fazer desaparecer do imaginário coletivo a sexualidade da pessoa idosa. Apesar desses tópicos culturais, a velhice conserva a necessidade psicológica de uma atividade sexual continuada, não havendo pois, idade na qual a atividade sexual, os pensamentos sobre sexo ou o desejo acabem.

Prevalência da atividade sexual na idade avançada Kaiser, em 1996, realizou uma revisão dos diferentes trabalhos publicados até então sobre atividade sexual em pessoas de mais idade. Entre tais estudos sobressai o de Pfeiffer, que encontrou em 95% dos homens com idade entre 46 e 50 anos, uma freqüência semanal de relações sexuais, caindo para 28% nos homens de 66 a 71 anos. No caso de pessoas regularmente casadas, 53% delas, com idade de 60 anos e 24% dos maiores de 76 anos, eram sexualmente ativos (idem).
Outro trabalho descrito na revisão de Kaiser, foi o realizado por Bretschneider. Este autor indicou que 63% dos homens e 30% das mulheres, entre 80 e 102 anos, eram sexualmente ativos. Nesse estudo se verificou que a atividade sexual mais freqüente entre idosos era a carícias, os toques e, finalmente, o coito. Um número que pode causar surpresa é em relação à prática da masturbação; 74% dos homens e 42% das mulheres.
Tanto os homens quanto as mulheres idosas mais ativas sexualmente, eram pessoas que tinham tido mais parceiros(as) sexuais e maior atividade sexual na juventude (Kaiser, 1996).

Nieto realizou um estudo cujos resultados parecem também mostrar esta estreita relação entre a atividade sexual presente na velhice e uma sexualidade vigorosa exercida durante a juventude.

É necessário que os profissionais médicos tenham presente a possível existência de alterações sexuais e interroguem efetivamente seus pacientes a respeito disso, porque freqüentemente são questões que passam inadvertidas.

Sexo pode proporcionar muito mais que prazer e uma maneira de relaxar a tensão. Também significa auto-estima: sentir-se desejado é importante para pessoas de qualquer idade.

A sexualidade é uma parte importante da existência humana, em qualquer etapa da vida.

Um comentário:

luis lourenço disse...

tudo muito claro e simples e sobretudo muito bem contextualizado...o seu espaço é excelente pela qualidade da informação que proprciona...o lado poético da sua formação me merece admiração...

xi pra vc/

Véu de Maya